O MANELINHO TÍMIDO E A MENINA INSEGURA

O Manelinho quer chamar, mas não chama.

Em vez disso, esconde-se atrás de vestes sóbrias para que ninguém dê conta dele e, pela calada da noite, coloca bilhetes ininteligíveis debaixo da porta da menina insegura.

A menina insegura fica confusa. Enganaram-se, se calhar. Não devia ser para ela. E segue o seu caminho, ficando no mesmo sítio, com uma sensação estranha. Seria para ela?

“Ela não gosta de mim. Não me quer ver. Recusou o meu convite. Não sabe ler os sinais. Não percebeu que sou eu?”, rumina o Manelinho.

De tempos a tempos, chegam sinais ambíguos, já sem vestes sóbrias, apenas com óculos escuros que protegem os olhos de revelar o coração. A menina insegura morre mais um bocadinho porque amor, aquilo não foi afinal.

O Manelinho insiste em saber da menina insegura. Sai durante a noite e procura ler nas estrelas quem é ela verdadeiramente. Procura informação em todas as fontes, menos chegar-se a ela e perguntar: olá, posso conhecer-te melhor?

E a menina insegura confirma que o Manelinho se desviou, mas que gosta dela, só um bocadinho.

 

Do cimo do monte há um corvo que observa e diz: Que grande mal entendido!

31 jan, 20